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O Superendividamento e a Proteção do Consumidor: Direitos e Soluções

Direito do Consumidor

Criado em: 20/03/2025 11:24:22


No atual cenário, muitos acabam se superendividando, se tornando uma preocupação crescente na sociedade brasileira, agravado pela facilidade de obtenção de crédito, altas taxas de juros e falta de educação financeira da população.

A grande causa do superendividamento muitas vezes é fazer muitas despesas parceladas, pois isso se torna prejudicial quando o consumidor não consegue mais arcar com suas dívidas sem comprometer o mínimo necessário para sua subsistência.

Afinal, quem se enquadra na condição de superendividado?

É classificado como superendividado a pessoa que não consegue pagar suas dívidas de boa-fé, ou seja, sem intenção de fraude, e compromete sua subsistência básica ao tentar quitá-las. Isso significa que, após pagar as parcelas dos empréstimos, cartões de crédito ou financiamentos, o consumidor não tem renda suficiente para cobrir suas despesas essenciais, como alimentação, moradia e saúde.

Tal cenário pode ocorrer por diversos motivos, incluindo:

· Perda de emprego ou redução de renda;

· Uso excessivo do crédito sem planejamento;

· Despesas imprevistas, como problemas de saúde;

· Práticas abusivas de concessão de crédito por instituições financeiras;

· Falta de educação financeira e planejamento inadequado.

O superendividamento não se limita a um determinado grupo social. Ele pode afetar qualquer consumidor que tenha compromissos financeiros superiores à sua capacidade de pagamento.

Com a entrada em vigor da Lei do Superendividamento , o consumidor passou a contar com novos direitos e garantias para evitar abusos no mercado de crédito. Os principais direitos incluem:

· Direito à Informação Transparente: As instituições financeiras são obrigadas a fornecer informações claras sobre os contratos de crédito, incluindo juros, encargos, número de parcelas e custo efetivo total (CET) . Essa transparência permite que o consumidor tome decisões mais conscientes e evite dívidas descontroladas.

· Proteção Contra Crédito Irresponsável: Os fornecedores de crédito não podem mais investir empréstimos sem avaliar a capacidade real de pagamento do consumidor. Essa regra busca evitar que consumidores vulneráveis ​​contraiam dívidas que não poderão pagar.

· Renegociação Global das Dívidas: O consumidor superendividado tem o direito de solicitar uma repactuação de suas dívidas em uma audiência de conciliação, na qual credores e devedores buscam uma solução justa para ambas as partes.

· Mínimo Existencial: A lei garante que, na renegociação das dívidas, deve ser preservado um mínimo existencial , ou seja, um valor suficiente para que o consumidor consiga manter uma vida digna, cobrindo gastos essenciais como habitação, alimentação e saúde.

· Possibilidade de Ação Judicial: Caso os credores se recusem a negociar, o consumidor pode recorrer ao Poder Judiciário para solicitar um processo de repactuação compulsória das dívidas . O juiz poderá impor um plano de pagamento compatível com a renda do consumidor.

Caso o consumidor esteja em situação de superendividamento, existem algumas soluções viáveis ​​para reorganizar sua vida financeira e evitar consequências mais graves, como:

· Análise e Organização das Dívidas: O primeiro passo para sair do superendividamento é mapear todas as dívidas existentes , identificando quais possuem os maiores juros e quais podem ser renegociadas.

· Planejamento Financeiro: A criação de um orçamento detalhado é essencial para controlar os gastos e priorizar o pagamento das dívidas. Utilizar aplicativos de controle financeiro pode ajudar nessa tarefa.

· Renegociação com Credores: O consumidor pode buscar diretamente as instituições financeiras e propor novos prazos e taxas de juros menores para pagamento das dívidas.

· Procura de Apoio Especializado: Órgãos como o Procon e a Defensoria Pública oferecem assistência gratuita para consumidores superendividados, auxiliando na renegociação e no acesso a garantias legais.

· Ação Judicial para Repactuação das Dívidas: Caso as negociações extrajudiciais não sejam bem-sucedidas, o consumidor poderá ingressar com um pedido de renegociação global das dívidas na Justiça , garantindo um plano de pagamento viável e sem comprometer sua subsistência.

O superendividamento é um problema que afeta milhões de brasileiros, comprometendo sua qualidade de vida e a economia do país.

Com a Lei do Superendividamento, o consumidor passou a contar com importantes instrumentos de proteção e renegociação, tornando possível sair dessa situação sem comprometer sua dignidade.

Então, a melhor forma de evitar o superendividamento é através da educação financeira, do consumo consciente e do conhecimento dos seus direitos.

Caso esteja nessa situação, busque apoio e faça valer as garantias previstas na legislação. O caminho para a recuperação financeira começa com informação e atitude!